As diferenças de temperatura são uma
constante nos locais de trabalho, quer estes e situem a céu aberto ou em
ambiente fechado. O desconforto térmico constitui um risco ocupacional que
importa avaliar e controlar.
Calor ou frio em excesso e mudanças repentinas de um
ambiente térmico quente para frio e vice-versa são condições inseguras que
prejudicam a saúde.
Os efeitos de sobrecarga térmica num local de trabalho,
dependem de factores de ordem climática ambiental do local, do posto de
trabalho ou actividade a desenvolver, e das e das características individuais
de cada trabalhador, tais como a idade, o peso, a condição física e
especialmente o aparelho circulatório.
Como factores ambientais do local podemos considerar a
temperatura, a humidade, o calor radiante (sol, fornos) e a velocidade do ar.
A regulação calórica do corpo humano procura mantê-lo
a uma temperatura constante de 37º C. através da acção da circulação sanguínea
na pele e nos tecidos subcutâneos.
Por sua vez, a temperatura sanguínea provém da energia
libertada pelas células, a estabilidade dos factores como por exemplo o pH, a
pressão arterial, a hidratação, e outros são essenciais para assegurar a
actividade normal num individuo e contribuir para a saúde.
Condições ambientais para trabalho
A condição
ambiental ideal – Ambiente neutro -
para um local de trabalho situa-se (Dec.
Lei 243/86):
·
Temperatura
entre os 18°C e os 22°C,
podendo em condições especiais atingir os 25°C;
·
Humidade
relativa do ar entre 50% e 70%
·
Velocidade do
ar de aproximadamente 0,12m/s, em ventilação natural e/ou artificial não poluída;
Exposição Ocupacional ao
Calor
Quando exposto a color
ambiental excessivo – ambiente quente - o organismo produz mais calor que usa para manter e regular a temperatura
corporal. Ao promover a dilatação dos vasos sanguíneos da pele e dos tecidos
subcutâneos faz deslocar parte do fluxo sanguíneo para essas regiões
superficiais, o que dilui e aumenta o volume de sangue circulante com líquidos
extraídos de outros tecidos. Com este ajuste circulatório sai favorecido o
transporte de calor do centro do organismo para a superfície, com as glândulas sudoríparas
a libertar suor para eliminar calor por evaporação.
Pela
natureza da actividade desenvolvida são profissões com maior risco de exposição
ao calor, os cozinheiros, padeiros, fundidores de metais, fabricantes de vidros,
mineiros, e outros cuja actividade e cujo local de trabalho implique incidência
de calor natural (insolação) ou calor induzido (fornos e radiações).
Quando
submetido diariamente a altas temperaturas, o organismo procura adaptar-se por
transformações fisiológicas, na busca de manter constante a temperatura do
corpo, como por exemplo, a elevação do ritmo cardíaco ou o aumento da
temperatura média do corpo.
Os
riscos de exposição a temperaturas elevadas aumentam com o teor de humidade,
que diminui o efeito refrescante, ou com o esforço físico prolongado, que
aumenta o calor produzido pelos músculos.
A
exposição prolongada a temperatura elevada pode causar um aumento da
irritabilidade, dor de cabeça, incapacidade de concentração, ansiedade,
fraqueza e depressão. Com maior gravidade podem ainda ocorrer alterações
físicas como desidratação, doenças de pele e hipertermia.
Exposição Ocupacional ao Frio
Quando
o corpo está exposto ao frio verifica-se o fenómeno oposto ao que ocorre nas
situações de calor excessivo. Os vasos sanguíneos periféricos (pele e
extremidades) contraem-se para reduzir a perda de calor, resultando baixa
brusca da temperatura da pele, dos dedos das mãos e dos pés, das orelhas e do
nariz e maior fluxo de sangue para órgãos vitais como o coração e o cérebro.
A
habilidade manual está relacionada com o tato, pela movimentação dos pequenos
músculos das mãos e flexibilidade das articulações, que quando expostas ao frio
reduzem a actividade motora, a destreza e a força.
O
tremor pelo frio condiciona muito o desempenho articular e a movimentação
delicada dos músculos, levando a que cada indivíduo interrompa o trabalho
frequentemente, para reaquecer suas mãos, tornando o trabalho mais lento e
aumentando a margem de erros e acidentes.
As
ocupações com maior risco de exposição ao frio – ambiente frio - são o trabalho em câmaras frigoríficas, trabalhos
a céu aberto em condição de clima frio, nas zonas de refrigeração, entre
outros.
Quando
a temperatura desce para valores próximos de – 1°C, pode ocorrer
congelamento, alteração da estrutura celular e necrose dos tecidos.
O
primeiro sinal de lesão por exposição ao frio é uma sensação de pontada aguda,
adormecimento e anestesia dos tecidos atingidos.
A necrose por frio pode produzir
desde uma lesão superficial com mudança da cor da pele, anestesia transitória,
até o congelamento de tecidos profundos com isquemia persistente, trombose,
cianose profunda e gangrena.
A hipotermia e resfriamento do corpo até uma temperatura
potencialmente perigosa atinge principalmente as pessoas muito idosas ou muito
jovens expostas ao ar frio (ventos) ou imersão em água fria. Os sintomas são
graduais e subtis, ocorrendo movimentos lentos e desordenados, confusão mental,
alucinações, perda da consciência e morte por parada cardíaca e
respiratória.
Partes da pele podem congelar, sofrer
lesões superficiais, ficar brancas, firmes e dolorosas e posteriormente
escamar.
PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHO EM LOCAIS DE
TEMPERATURAS ALTAS E BAIXAS.
A - AMBIENTE
QUENTE:
Controlo técnico do ambiente de trabalho;
1) Isolamento das fontes de calor para minimizar a
irradiação de calor;
2) Sistema de Ventilação e exaustão natural;
3) Sistema de ventilação e exaustão forçada se a ventilação
natural não for suficiente;
4) Instalar sistemas de refrigeração mecânica;
5) Automação do trabalho para diminuição do trabalho
manual em esforço;
6) Zona de transição para acomodação gradual à nova
temperatura;
Organização
e Práticas de trabalho
1) Monitorização continuada do ambiente de trabalho;
2) Avaliação de riscos e estabelecimento de plano de
prevenção;
3) Disponibilizar equipamentos de protecção individual
adequados aos riscos identificados e avaliados ;
4) Reposição
hídrica adequada – beber quantidades de líquido frequentemente (água potável)
5) Alterar o
horário de trabalho para os períodos de menor calor
6) Pausas para
repouso e redução do tempo de exposição ao calor;
7) Evitar trabalho
isolado;
Informação e
Instrução dos trabalhadores
1)
Informação
aos trabalhadores sobre o risco da exposição ao calor, consequências, e medidas
e comportamentos preventivos;
Comportamentos de autoprotecção recomendados
1) Usar roupa fresca, protecção da cabeça e óculos
adequados no caso de calor por radiação;
2) Beber água
fresca regularmente;
3) Não ingerir
bebidas alcoólicas; não fumar;
4) Manter uma
condição física saudável e evitar o trabalho sob efeito de fármacos
incompatíveis;
5) Em caso de
mal-estar reportar de imediato os sintomas e solicitar ajuda e não manipular
equipamentos ou conduzir veículos;
B - AMBIENTE
FRIO:
Para os
trabalhos externos e prolongados, recomenda-se uma boa alimentação rica em
calorias e roupas quentes.
Controlo técnico do ambiente de trabalho;
1) Isolamento térmico das partes metálicas e comandos
manuais para temperaturas inferiores a -1ºC;
2) Sistema de Ventilação e exaustão natural;
3) Conceber os locais de trabalho em ambiente frio, sem
assentos metálicos ou cadeiras desprotegidas;
4) Sistema de ventilação e exaustão forçada se a
ventilação natural não for suficiente;
5) Prever zona de banho de emergência para protecção
contra enregelamento brusco;
6) Automação do trabalho para diminuição do trabalho
manual em esforço;
7) Zona de transição para acomodação gradual à nova
temperatura;
Organização
e Práticas de trabalho
1) Monitorização continuada do ambiente de trabalho;
2) Avaliação ambiental, tendo em conta a temperatura do
ar, a velocidade do vento e a actividade física e determinar a temperatura de
esfriamento equivalente;
3) Avaliação de riscos e estabelecimento de plano de
prevenção;
4) Disponibilizar equipamentos de protecção individual
adequados aos riscos identificados e avaliados;
5) Uso de luvas e/ou mitenes em função da temperatura de
exposição e contacto e grau de destreza manual;
6) Para actividades na água ou com roupa molhada, com
exposição a temperatura inferiores 2ºC efectuar troca de roupa frequente;
7) Usar roupa impermeável exteriormente em ambientes
húmidos e trocar frequente de meias e / ou palmilhas.
8) Para trabalhos expostos a muito baixas temperaturas,
disponibilizar espaços aquecidos autónomos para recuperação térmica;
9) Interromper o trabalho sempre que por insuficiência de
roupa se constate hipotermia em algum trabalhador e adoptar novas medidas
preventivas;
10) Prever zona de banho de emergência para protecção
contra enregelamento brusco;
11) Programar o
tempo de exposição a ambiente frio.
12) Alterar do
horário de trabalho para os períodos ambientalmente menos agressivos;
13) Evitar trabalho
solitário em ambientes frios;
14) Evitar sobrecarga
de trabalho cuja sudação humedeça vestuário;
15) Exames médicos de
pré-admissão e regularmente periódicos;
Informação e
Instrução dos trabalhadores
1)
Informação
aos trabalhadores sobre o risco da exposição ao frio, consequências, e medidas
e comportamentos preventivos;
Comportamentos de autoprotecção recomendados
1) Usar vestuário
de agasalho de lã, resguardo e pescoço, protecção da cabeça (gorro), dos olhos
e calçado de protecção do frio e humidade;
2) Beber bebidas doces, sopa quente e evitar diuréticos;
3) Não ingerir bebidas alcoólicas; não fumar;
4) Em caso de esfriamento não usar fontes de calor
direto sobre a pele;
5) Manter uma condição física saudável e evitar o
trabalho sob efeito de fármacos que possam interferir na temperatura corporal;
6) Em caso de mal-estar reportar de imediato os sintomas
e solicitar ajuda e não manipular equipamentos ou conduzir veículos;
7) Não se exponha à situação de enregelamentos;
8) Pessoas que apresentem alteração mental ou motora por
exposição a baixa temperatura devem ser imediatamente encaminhadas para um
hospital;
9) Evite, se possível, caminhar se os dedos do pé foram
acometidos pelo frio.
10) Não deixe de tratar as lesões pelo frio, podem
ocasionar úlceras na pele e, em casos extremos, podem levar à gangrena da parte
afetada.
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