sábado, 11 de janeiro de 2014

AMBIENTE TÉRMICO OCUPACIONAL


Há temperaturas com as quais temos uma sensação de conforto, enquanto outras tornam-se desagradáveis e até prejudiciais à saúde.
As diferenças de temperatura são uma constante nos locais de trabalho, quer estes e situem a céu aberto ou em ambiente fechado. O desconforto térmico constitui um risco ocupacional que importa avaliar e controlar.
Calor ou frio em excesso e mudanças repentinas de um ambiente térmico quente para frio e vice-versa são condições inseguras que prejudicam a saúde.
Os efeitos de sobrecarga térmica num local de trabalho, dependem de factores de ordem climática ambiental do local, do posto de trabalho ou actividade a desenvolver, e das e das características individuais de cada trabalhador, tais como a idade, o peso, a condição física e especialmente o aparelho circulatório.
Como factores ambientais do local podemos considerar a temperatura, a humidade, o calor radiante (sol, fornos) e a velocidade do ar.
A regulação calórica do corpo humano procura mantê-lo a uma temperatura constante de 37º C. através da acção da circulação sanguínea na pele e nos tecidos subcutâneos.
Por sua vez, a temperatura sanguínea provém da energia libertada pelas células, a estabilidade dos factores como por exemplo o pH, a pressão arterial, a hidratação, e outros são essenciais para assegurar a actividade normal num individuo e contribuir para a saúde.
 
Condições ambientais para trabalho
A condição ambiental ideal – Ambiente neutro - para um local de trabalho situa-se (Dec. Lei 243/86):
·         Temperatura entre os 18°C e os 22°C, podendo em condições especiais atingir os 25°C;
·         Humidade relativa do ar entre 50% e 70%
·         Velocidade do ar de aproximadamente 0,12m/s, em ventilação natural e/ou artificial não poluída;
 
Exposição Ocupacional ao Calor
Quando exposto a color ambiental excessivo – ambiente quente - o organismo produz mais calor que usa para manter e regular a temperatura corporal. Ao promover a dilatação dos vasos sanguíneos da pele e dos tecidos subcutâneos faz deslocar parte do fluxo sanguíneo para essas regiões superficiais, o que dilui e aumenta o volume de sangue circulante com líquidos extraídos de outros tecidos. Com este ajuste circulatório sai favorecido o transporte de calor do centro do organismo para a superfície, com as glândulas sudoríparas a libertar suor para eliminar calor por evaporação.
Pela natureza da actividade desenvolvida são profissões com maior risco de exposição ao calor, os cozinheiros, padeiros, fundidores de metais, fabricantes de vidros, mineiros, e outros cuja actividade e cujo local de trabalho implique incidência de calor natural (insolação) ou calor induzido (fornos e radiações).
Quando submetido diariamente a altas temperaturas, o organismo procura adaptar-se por transformações fisiológicas, na busca de manter constante a temperatura do corpo, como por exemplo, a elevação do ritmo cardíaco ou o aumento da temperatura média do corpo.
Os riscos de exposição a temperaturas elevadas aumentam com o teor de humidade, que diminui o efeito refrescante, ou com o esforço físico prolongado, que aumenta o calor produzido pelos músculos.
A exposição prolongada a temperatura elevada pode causar um aumento da irritabilidade, dor de cabeça, incapacidade de concentração, ansiedade, fraqueza e depressão. Com maior gravidade podem ainda ocorrer alterações físicas como desidratação, doenças de pele e hipertermia.
 
Exposição Ocupacional ao Frio
Quando o corpo está exposto ao frio verifica-se o fenómeno oposto ao que ocorre nas situações de calor excessivo. Os vasos sanguíneos periféricos (pele e extremidades) contraem-se para reduzir a perda de calor, resultando baixa brusca da temperatura da pele, dos dedos das mãos e dos pés, das orelhas e do nariz e maior fluxo de sangue para órgãos vitais como o coração e o cérebro.
A habilidade manual está relacionada com o tato, pela movimentação dos pequenos músculos das mãos e flexibilidade das articulações, que quando expostas ao frio reduzem a actividade motora, a destreza e a força.
O tremor pelo frio condiciona muito o desempenho articular e a movimentação delicada dos músculos, levando a que cada indivíduo interrompa o trabalho frequentemente, para reaquecer suas mãos, tornando o trabalho mais lento e aumentando a margem de erros e acidentes.
As ocupações com maior risco de exposição ao frio – ambiente frio - são o trabalho em câmaras frigoríficas, trabalhos a céu aberto em condição de clima frio, nas zonas de refrigeração, entre outros.
Quando a temperatura desce para valores próximos de  – 1°C, pode ocorrer congelamento, alteração da estrutura celular e necrose dos tecidos.
O primeiro sinal de lesão por exposição ao frio é uma sensação de pontada aguda, adormecimento e anestesia dos tecidos atingidos.
A necrose por frio pode produzir desde uma lesão superficial com mudança da cor da pele, anestesia transitória, até o congelamento de tecidos profundos com isquemia persistente, trombose, cianose profunda e gangrena.
A hipotermia e resfriamento do corpo até uma temperatura potencialmente perigosa atinge principalmente as pessoas muito idosas ou muito jovens expostas ao ar frio (ventos) ou imersão em água fria. Os sintomas são graduais e subtis, ocorrendo movimentos lentos e desordenados, confusão mental, alucinações, perda da consciência e morte por parada cardíaca e respiratória.                  
Partes da pele podem congelar, sofrer lesões superficiais, ficar brancas, firmes e dolorosas e posteriormente escamar.

PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHO EM LOCAIS DE TEMPERATURAS ALTAS E BAIXAS.
 
A - AMBIENTE QUENTE:
 
Controlo técnico do ambiente de trabalho;
1)    Isolamento das fontes de calor para minimizar a irradiação de calor;
2)    Sistema de Ventilação e exaustão natural;
3)    Sistema de ventilação e exaustão forçada se a ventilação natural não for suficiente;
4)    Instalar sistemas de refrigeração mecânica;
5)    Automação do trabalho para diminuição do trabalho manual em esforço;
6)    Zona de transição para acomodação gradual à nova temperatura;

Organização e Práticas de trabalho
1)    Monitorização continuada do ambiente de trabalho;
2)    Avaliação de riscos e estabelecimento de plano de prevenção;
3)    Disponibilizar equipamentos de protecção individual adequados aos riscos identificados e avaliados ;
4)     Reposição hídrica adequada – beber quantidades de líquido frequentemente (água potável)
5)     Alterar o horário de trabalho para os períodos de menor calor
6)     Pausas para repouso e redução do tempo de exposição ao calor;
7)     Evitar trabalho isolado;

Informação e Instrução dos trabalhadores
1)    Informação aos trabalhadores sobre o risco da exposição ao calor, consequências, e medidas e comportamentos preventivos;

Comportamentos de autoprotecção recomendados
1)    Usar roupa fresca, protecção da cabeça e óculos adequados no caso de calor por radiação;
2)     Beber água fresca regularmente;
3)     Não ingerir bebidas alcoólicas; não fumar;
4)     Manter uma condição física saudável e evitar o trabalho sob efeito de fármacos incompatíveis;
5)     Em caso de mal-estar reportar de imediato os sintomas e solicitar ajuda e não manipular equipamentos ou conduzir veículos;
 
B - AMBIENTE FRIO:
Para os trabalhos externos e prolongados, recomenda-se uma boa alimentação rica em calorias e roupas quentes.
 
Controlo técnico do ambiente de trabalho;
1)    Isolamento térmico das partes metálicas e comandos manuais para temperaturas inferiores a -1ºC;
2)    Sistema de Ventilação e exaustão natural;
3)    Conceber os locais de trabalho em ambiente frio, sem assentos metálicos ou cadeiras desprotegidas;
4)    Sistema de ventilação e exaustão forçada se a ventilação natural não for suficiente;
5)    Prever zona de banho de emergência para protecção contra enregelamento brusco;
6)    Automação do trabalho para diminuição do trabalho manual em esforço;
7)    Zona de transição para acomodação gradual à nova temperatura;
 
Organização e Práticas de trabalho
1)    Monitorização continuada do ambiente de trabalho;
2)    Avaliação ambiental, tendo em conta a temperatura do ar, a velocidade do vento e a actividade física e determinar a temperatura de esfriamento equivalente;
3)    Avaliação de riscos e estabelecimento de plano de prevenção;
4)    Disponibilizar equipamentos de protecção individual adequados aos riscos identificados e avaliados;
5)    Uso de luvas e/ou mitenes em função da temperatura de exposição e contacto e grau de destreza manual;
6)    Para actividades na água ou com roupa molhada, com exposição a temperatura inferiores 2ºC efectuar troca de roupa frequente; 
7)    Usar roupa impermeável exteriormente em ambientes húmidos e trocar frequente de meias e / ou palmilhas.
8)    Para trabalhos expostos a muito baixas temperaturas, disponibilizar espaços aquecidos autónomos para recuperação térmica;
9)    Interromper o trabalho sempre que por insuficiência de roupa se constate hipotermia em algum trabalhador e adoptar novas medidas preventivas;
10) Prever zona de banho de emergência para protecção contra enregelamento brusco;
11)  Programar o tempo de exposição a ambiente frio.
12)  Alterar do horário de trabalho para os períodos ambientalmente menos agressivos;
13)  Evitar trabalho solitário em ambientes frios;
14)  Evitar sobrecarga de trabalho cuja sudação humedeça vestuário;
15)  Exames médicos de pré-admissão e regularmente periódicos;
 
Informação e Instrução dos trabalhadores
1)    Informação aos trabalhadores sobre o risco da exposição ao frio, consequências, e medidas e comportamentos preventivos;
 
Comportamentos de autoprotecção recomendados
1)     Usar vestuário de agasalho de lã, resguardo e pescoço, protecção da cabeça (gorro), dos olhos e calçado de protecção do frio e humidade;
2)    Beber bebidas doces, sopa quente e evitar diuréticos;
3)    Não ingerir bebidas alcoólicas; não fumar;
4)    Em caso de esfriamento não usar fontes de calor direto sobre a pele;
5)    Manter uma condição física saudável e evitar o trabalho sob efeito de fármacos que possam interferir na temperatura corporal;
6)    Em caso de mal-estar reportar de imediato os sintomas e solicitar ajuda e não manipular equipamentos ou conduzir veículos;
7)    Não se exponha à situação de enregelamentos;
8)    Pessoas que apresentem alteração mental ou motora por exposição a baixa temperatura devem ser imediatamente encaminhadas para um hospital;
9)    Evite, se possível, caminhar se os dedos do pé foram acometidos pelo frio.
10) Não deixe de tratar as lesões pelo frio, podem ocasionar úlceras na pele e, em casos extremos, podem levar à gangrena da parte afetada.
 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

ATMOSFERAS EXPLOSIVAS - ATEX

Por “Atmosferas Explosivas” entendem-se as atmosferas constituídas por misturas de substâncias inflamáveis (gases, vapores, névoas ou poeiras) com o ar em condições atmosféricas (-20ºC a 60ºC e 0,8 bar a 1,1 bar), nas quais, após ignição, a combustão se propague a toda a mistura não queimada.
Em que condições se pode formar uma atmosfera explosiva?
1ª Condição: A presença de comburente (oxigénio do ar) e de substâncias inflamáveis que sob a forma de gás, vapores ou poeiras sejam a matéria combustível.
São exemplos de substâncias inflamáveis:
Líquidos inflamáveis ou com ponto de inflamação inferior a 55ºC.
Gases inflamáveis.
Poeiras de matérias sólidas inflamáveis.
Combustíveis, álcool etílico, Acetona, vernizes, solventes, lubrificantes, substâncias químicas insolúveis em água ou hidrossolúveis, etc.
Hidrogénio, acetileno, butano, metano, propano, monóxido de carbono, oxido de etileno, cloreto de; gases liquefeitos por pressão ou temperatura (GPL, amoníaco), etc.
Enxofre, açúcar, carvão, matérias plásticas, tintas em pó, cereais, madeira, poeiras de metais, etc.

2ª Condição: Uma mistura explosiva em que:
                             LIE < Concentração de substancia inflamável na mistura < LSE

LIE – Limite superior de explosividade de um gás ou de um vapor no ar, ou seja a concentração máxima no ar de um combustível sob a qual a mistura se pode inflamar.
LSE – Limite superior de explosividade de uma substância inflamável, ou seja a concentração mínima no ar de um combustível sob o qual a mistura se pode inflamar.

Nos vapores a temperatura do líquido inflamável deve ser suficiente para a emissão desses vapores, satisfazendo:
                                   Temperatura do Líquido inflamável > Ponto de ignição

Nestas condições a explosão de uma atmosfera (ATEX) pode ser despoletada pela aproximação de uma fonte de ignição.
São duas a Diretivas Europeias sobre atmosferas explosivas:
·         Diretiva  nº 1999/92/CE  (decreto-lei nº 236/2003),  direcionada  para os  empregadores  adota  as “prescrições mínimas destinadas a promover a melhoria da proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores suscetíveis de exposição a riscos derivados de atmosferas explosivas”.
·         Diretiva nº 94/9/CE (Decreto-lei nº 112/96 e Portaria nº 341/97), direcionada para fabricantes de equipamentos, é aplicável aos aparelhos e sistemas de proteção para utilização em atmosferas potencialmente explosivas e aos dispositivos de segurança, de controlo e de regulação, destinados a serem utilizados fora das atmosferas potencialmente explosivas, mas integrando e sendo indispensáveis ao funcionamento seguro dos aparelhos e sistemas de proteção dos riscos.
Esta legislação é destinada as atividades onde pelas suas características possam ocorrer ou vir a ocorrer a formação de atmosferas explosivas quer sejam do sector privado, cooperativo e social, e nomeadamente na industria de que são exemplo, a indústria alimentar, indústria farmacêutica, as refinarias, os aterros sanitários, a reciclagem e tratamento de resíduos, a produção de energia elétrica, as industrias transformadoras (madeira e outras), distribuição de gás, pinturas, industria química, etc.
No que concerne à Diretiva 1999/92/CE deverá entender-se como:
·         Área Perigosa – área na qual se pode formar uma atmosfera explosiva em concentrações que exijam a adoção de medidas preventivas especiais;
·         Área não Perigosa - área em que não é provável a formação de atmosferas explosivas em concentrações que exijam a adoção de medidas preventivas especiais.
O facto de as explosões desenvolverem chamas e pressão, que estando associadas à presença de produtos de reação nocivos e ao consumo do oxigénio do ar, constituem riscos gravíssimos, incontornáveis e irremediáveis para a vida, a integridade física dos trabalhadores, bem como causar danos de elevados custos para as empresas, justifica a importância da proteção aos riscos por exposição a atmosferas explosivas.
As áreas onde possam formar-se atmosferas explosivas, em condições que exijam a adoção de medidas preventivas, deverão ser objeto de avaliação da magnitude de risco, sendo classificadas por zonas em função da frequência e da duração das atmosferas consoante se trate de:
1.      Substâncias sob a forma de vapores, gases ou névoas
·         Zona 0 — área onde  existe  permanentemente, ou  durante  longos  períodos  de  tempo  ou com frequência, uma atmosfera explosiva constituída por uma mistura com o ar de substâncias inflamáveis, sob a forma de gás, vapor ou névoa.
·         Zona 1 — área onde é provável, em condições normais de funcionamento, a formação ocasional de uma atmosfera explosiva constituída por uma mistura com o ar de substâncias inflamáveis, sob a forma de gás, vapor ou névoa.
·        Zona 2 — área onde não é provável,  em  condições  normais  de  funcionamento, a  formação de uma atmosfera explosiva constituída por uma mistura com o ar de substâncias inflamáveis, sob a forma de gás, vapor ou névoa, ou onde essa formação, caso se verifique, seja de curta duração.
2.      Substancias sob a forma de poeiras ou fibras:
·         Zona 20 — área  onde  existe permanentemente  ou  durante  longos  períodos de tempo ou com frequência uma atmosfera explosiva sob a forma de uma nuvem de poeira combustível.
·        Zona 21 — área onde é provável, em condições normais de funcionamento, a formação ocasional de uma atmosfera explosiva sob a forma de uma nuvem de poeira combustível.
·         Zona 22 — área onde não é provável, em condições  normais de  funcionamento, a  formação de uma atmosfera explosiva sob a forma de uma nuvem de poeira combustível, ou onde essa formação, caso se verifique, seja de curta duração.
Ao proceder à avaliação de riscos de explosões e antes do início do trabalho, deve assegurar-se a construção de um manual de prevenção e proteção contra explosões.
Este documento, deverá manter-se atualizado, sendo revisto sempre que forem efetuadas modificações, ampliações ou transformações importantes no local de trabalho, nos equipamentos ou na organização do trabalho.
A prevenção da formação de atmosferas explosivas deve ser efetuada através de medidas técnicas e organizativas apropriadas à natureza das operações, tendo em conta os princípios de prevenção consagrados no regime aplicável, incluindo o critério de seleção dos equipamentos a utilizar.
No que respeita às características dos aparelhos e sistemas a utilizar será tido em conta para além do manual de proteção contra explosivos, a Diretiva 94/9/CE, cuja seleção, para que estes sejam selecionados em função do tipo de ambiente explosivo.
Já quanto à certificação de material a usar nas zonas indicadas, estes deverão possuir uma marcação precisa, como por exemplo:
                        

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ROTULAGEM DE PRODUTOS E SUBSTANCIAS PERIGOSAS.


Diariamente usamos ou convivemos com os mais diversificados tipos de produtos químicos, alguns perigosos, como por exemplo os produtos de limpeza, os pesticidas, os inseticidas, os materiais para bricolage (diluentes, tintas, vernizes e outros), os produtos para tratamento das unhas e de higiene pessoal, etc. etc.
O Regulamento (CE) n.º 1272/2008, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Dezembro de 2008, relativo à Classificação, Rotulagem e Embalagem de substâncias e misturas químicas (Regulamento CRE) introduz, em todo o espaço da União Europeia, um novo sistema de classificação e rotulagem de produtos químicos, baseado no Sistema Mundial Harmonizado das Nações Unidas (GHS da ONU). Este regulamento já está em vigor para os produtos puros, como a acetona e o amoníaco, vai até 2015 ser aplicado progressivamente para os produtos que misturam várias substâncias perigosas, como a maioria dos produtos de limpeza.
Este regulamento aborda os perigos inerentes às substâncias e misturas químicas para informação de terceiros e atribui aos fabricantes antes de inseri-los no mercado a classificação e identificação de perigosidade. Uma substância ou mistura considerada perigosa será ser acompanhada de uma ficha de dados de segurança (FDS) e rotulada para trabalhadores e os consumidores conheçam os seus efeitos, antes de as manusear.
Foram definidos três tipos de perigos principais:
1.      Perigos físicos (inflamáveis, explosivos, comburentes, substâncias / misturas auto - reativas);
2.      Perigos para a saúde (irritantes; nocivos, corrosivos, mutagénicos, tóxicos);
3.      Perigos para o meio ambiente (ex: toxicidade aquática aguda).
As anteriores frases R, deram lugar a frases H, que são agora advertências de perigo e descrevem a natureza dos perigos de uma substância ou mistura.
Também as frases S, foram substituídas por frases P, que constituem recomendações de prudência com recomendações para minimizar ou prevenir efeitos adversos.
Também com este regulamento são adotados novos pictogramas de aviso substituindo os anteriores símbolos da EU, quadrados de fundo laranja e bordo preto, por outros, em forma de losango de fundo branco e um bordo vermelho.
Pictogramas ou símbolos de perigosidade


Rotulagem:
A primeira e a mais evidente informação, sobre os riscos de um produto perigoso, é a referida no rótulo, que muitas vezes constitui para o utilizador, a primeira fonte de informações relativas ao produto, tais como:
  1. Reconhecer o produto químico que vai manusear.
  2.  Evitar erros de manipulação;
  3. Ajudar na seleção de meios de prevenção e proteção;
  4. Auxiliar na armazenagem dos produtos químicos.
  5. Auxiliar em caso de acidente;
  6. Aconselhar na gestão de resíduos para proteção do ambiente.
Lidar com esses produtos, envolve potenciais efeitos adversos para os seres humanos e para o meio ambiente e expõe-nos muitas vezes a riscos sérios, como intoxicação, envenenamento, queimaduras, asfixia, alergias etc., resultantes da presença de substancias quimicas, a que não associamos perigo, da deficiente interpretação de perigosidade, ou não leitura, que fizémos das instruções de segurança, para saber qual a melhor forma de os manupilar em segurança.
Saber interpretar essas informações é essencial para quem precisa utilizar esses produtos.
Os rótulos devem estar legíveis e possuir a seguinte informação:
  1. Nome do produto 
  2. Palavra Sinal
  3. Identificação do fabricante / Importador ou distribuidor;
  4. Advertências de perigo;
  5. Recomendações de Prudência
         EXEMPLO:
     

Outra fonte de informações e recomendações mais completa são as FICHAS DE DADOS DE

SEGURANÇA (FDS) mas delas me ocuparei noutro artigo.
 
 

domingo, 18 de agosto de 2013

O Trabalho e o valor das mãos

Fazendo jus ao título deste blog quero neste texto refletir sobre um dos mais vulneráveis órgãos do nosso corpo quando trabalhamos – as mãos.
Depois dos olhos, as mãos são provavelmente a parte mais importante do corpo, com elas agarramos, empurramos, sinalizamos, escrevemos, pintamos, desenhamos, apalpamos, seguramos, soltamos, batemos, lançamos, acariciamos…
Podemos diferenciar o que é mole, duro, seco, molhado, húmido, áspero, quente, frio, seco, afiado, áspero, ou tocar e embalar qual coração que ama.
Preciosas “ferramentas naturais”, a voz dos mudos, os olhos dos cegos, todos os dias contribuem decisivamente para nos tornar mais hábeis, eficazes e valiosos.
Não exagerei se disser que as mãos nos garantem uma boa parte, quando não o total, do salário, tal a sua importância no trabalho que cotidianamente fazemos, ainda assim muitas vezes não percebemos a sua importância, mesmo nas coisas mais simples do dia-a-dia, como abrir a porta, amarrar os sapatos, cumprimentar, vestir, pentear, etc. etc.
Perigos para as mãos no trabalho
Expõem-se aos mais diversos perigos para a sua integridade, arestas cortantes, facas, pontas, pontos quentes e frios, eletricidade, produtos químicos, movimento de máquinas, movimentos repetitivos intensos, superfícies rotativas, más posturas, joias e roupas largas, etc., que ameaçam de mãos desatentas e são causadores de lesões / acidentes no seu trabalho.
As lesões mais incidentes nas mãos são os cortes, fraturas, entalões, esmagamento por máquinas, amputações, entorses, perfurações, luxações, tendinites, perda de sensibilidade nos dedos, ou formigamento ou mesmo adormecimento dos mesmos não consegue segurar bem as coisas, ou dores diversas.
Apesar de habilidosas, as mãos não pensam, executam, protege-las é um dever para evitar qualquer acidente, Nada as substitui, não há reserva para reposição.
De que forma podemos proteger as mãos de uma lesão?
Pensar antes de agir, para estar consciente dos riscos a que se está exposto é a primeira ação a tomar para evitar acidentes nas mãos.

Para prevenir ou acautelar a possibilidade se despoletar eventual acidente, proteger e higienizar ou tratar uma lesão nas mãos deixo alguns conselhos:
      A Prevenção de lesões nas mãos
A.    Evitar distrair-se no local de trabalho, mantendo atenção ao que está a executar.
B.    Escolher e usar a ferramenta certa e adequada para o tipo de trabalho.
C.   Usar apenas ferramentas em bom estado de utilização;
D.   No apertar de uma porca, puxar e não empurrar.
E.    Manter as mãos ou os dedos fora do perigo;
F.    Evitar contacto com condutores ou elementos eletrificados, não protegidos;
G.   Nunca manusear um objeto cortante em direção ao próprio corpo;
H.   Os alicates, inclusive de pressão, se usados incorretamente, podem causar ferimentos nos dedos podem soltar-se das peças, porcas, tubos, etc.
I.      Antes de manipular materiais, identificar no rótulo se é agressivo e cumprir a indicações de manipulação.
J.    Não operar nenhuma máquina, sem conhecê-la bem;
K.   Verificar as proteções das máquinas. Por vezes as proteções são retiradas e não são recolocadas no lugar.
L.    Não utilizar equipamentos sem que as proteções estejam colocadas no lugar.
M.   Ter atenção se nas máquinas automáticas as alavancas e botões, acionados por controlo remoto ou por sistema de robô podem ser tocados acidentalmente, fazendo-as funcionar intempestivamente, ainda que, aparentemente desligadas.
N.   Avaliar se nos locais de trabalho se pode gerar calor ou frio, responsáveis por queimaduras, muitas delas graves, de que são exemplo: tubagens de vapor, fluidos quentes ou criogénicos, máquinas de solda, etc. etc.
O.   Nos pontos de atrito e enroscamento, tais como engrenagens, polias ou roldanas, e outros não desativar os sensores de segurança (funcionam como Anjos da Guarda).
P.    Jamais fazer limpeza ou manutenção com uma máquina em movimento.
Q.   Manter as mãos limpas, livres de lubrificantes ou produtos oleosos;
R.  
       A proteção das mãos
As luvas de segurança protegem as mãos dos trabalhadores contra riscos físicos – queimaduras, riscos mecânicos - como abrasão, corte e perfuração, riscos químicos e riscos biológicos - como fungos e bactérias.
A sua utilização, em função da avaliação dos riscos e atividades, deve ser associada aos diferentes tipos de proteção que se pretende atingir.
O tamanho da mão do utilizador, o material de que são feitas, a textura, associação de vários tipos de proteção, a durabilidade, e a ergonomia são os fatores a considerar na sua escolha para aliar durabilidade, conforto e um melhor benefício.
       A higienização das mãos
Manter as mãos sempre limpas é a forma mais simples de evitar doenças infeciosas, como a conjuntivite, as gripes, o contágio de vírus e outros microrganismos e a afeção por partículas agregadas. 
Lavar habitual e corretamente as mãos, várias vezes ao dia,  é fundamental para uma higiene adequada e para uma vida saudável.
Forma de fazer a lavagem das mãos:
A.    Passar as mãos por água corrente;
B.    Colocar sabonete em quantidade suficiente em ambas as mãos;
C.    Ensaboar as palmas das mãos, esfregando-as entre si;
D.    Esfregar todos os dedos, entrelaçando-os e esfregando o espaço entre eles;
E.    Esfregar as unhas com movimentos circulares, para remover a maioria das bactérias acumuladas:
F.    Esfregar os antebraços;
G.    Enxaguar bem as mãos;
H.    Limpar as mãos  numa toalha de papel;
      O tratamento das lesões nas mãos
As lesões, por mais simples que sejam, devem merecer sempre a nossa maior atenção e preocupação.
A prestação de primeiros socorros, antes de atendimento médico, com vista a estabilizar a zona sinistrada deve e pode ser feita logo no local do acidente recorrendo à caixa de primeiros socorros que devemos ter sempre disponível.
A.    Para cortes e lesões deve pressionar-se sobre a parte afetada com um pano limpo.
B.    Em queimaduras Aplicar água fria, logo após o acidente, para aliviar a dor e para diminuir a gravidade da queimadura.
C.   Perante uma amputação da mão ou do dedo deve pressionar-se sobre a área afetada imediatamente, conduzir a vítima para um lugar tranquilo e aguardar a chegada da ambulância; envolva a parte amputada com uma esponja limpa num saco plástico e coloque-o num recipiente com água gelada ou gelo.
Um pequeno exercício
Usando as duas mãos, desabotoe dois botões de sua camisa. Em seguida, dobre o polegar em direção à palma da mão e mantenha-o nesta posição. Com os quatro dedos restantes, num minuto, tente abotoar a camisa. Conseguiu? ...Elucidativo! Certamente.

Nota final
As mãos servem-nos no para dia-a-dia acariciar, rezar comer, beber, cumprimentar, tocar, escrever, etc., bastaria somente uma destas razões para investirmos na sua preservação.
Porque se um acidente pode mudar uma vida, poder abraçar quem mais gostamos no regresso do trabalho, é uma bênção de quem tem mãos e quem as não tem pode valorizar.